Em minhas vivências diárias como coach de executivos e como empresária, tenho constatado a grande variedade de estilos de Gestores: uns mais arrojados, uns mais cautelosos; uns com foco maior em pessoas, outros em resultados; uns com enorme carisma, outros com sérios problemas de relacionamento; uns centralizadores, outros que gerenciam de forma participativa.
Muitos estilos. Pessoas diferentes, executivos diferentes, resultados diferentes. Porém algo é comum a todos eles: o sentimento de solidão que vivenciam no exercício da função de gerir. E essa verdade se aplica inclusive a executivos experientes, com excelente formação escolar e com uma carreira já consolidada, seja como gestor do próprio negócio seja como profissional contratado.
Ocorre que eles, sem exceção, precisam tomar decisões que afetam todos os envolvidos no negócio: a si mesmos, aos colaboradores, aos clientes, aos fornecedores, aos acionistas, à comunidade. Isso faz parte do papel do gestor e é a sua principal responsabilidade: tomar decisões, sabendo fazer escolhas.
Ter poder para decidir é uma oportunidade de fazer a diferença, de fazer algo importante, que agregue valor ao negócio e à sociedade como um todo. Porém é também um desafio ter que lidar com a pressão por acertar, muitas vezes não se estando completamente seguro do melhor caminho a seguir. E, nesse momento, a solidão é inevitável.
O medo de parecer fraco perante a equipe, superiores e pares, faz com que o líder conviva com a solidão como com uma companheira permanente, que lhe traz todas as dúvidas e quase nenhuma resposta.
Ora, com quem o Executivo conta para lidar com as difíceis decisões, com as crises, com as diferenças de visão entre ele e os outros gestores do negócio, diferenças de posicionamento entre os sócios, tendo que lidar com negociações difíceis, com a dificuldade em formar uma equipe eficaz, com as incertezas do cenário econômico, dentre tantas outras demandas diárias que vivencia?
E o executivo não pode justificar seus erros alegando “problemas pessoais” ou adiando a decisão por muito tempo. Ele precisa decidir, de preferência rapidamente. O mercado urge, as oportunidades não podem ser desperdiçadas. Por mais que tenha uma equipe envolvida, formada por profissionais competentes e comprometida com o sucesso do negócio, com a qual saiba que pode contar, sabe também que esta equipe espera uma resposta dele, espera sua “sábia decisão”, espera que “dê conta do recado”, que conduza a todos para que os desejos coletivos e individuais se satisfaçam. Ele é o espelho, ele é o exemplo.
Então, diante desse cenário, voltamos nós, executivos, a compartilhar da nossa companheira silenciosa, a solidão. Porém acredito que lidar com essa realidade pode ser muito mais proveitoso do que a princípio parece ser. Difícil acreditar?
Avaliemos: na solidão, quando não sabemos o que realmente devemos dizer ou fazer, temos uma excelente oportunidade para observar, ouvir, refletir e daí sim encontrar as melhores respostas que precisamos para continuar com a segurança de se estar no caminho certo para encontrar as melhores soluções.
Na solidão, somos obrigados a nos avaliar, mesmo que com isso possamos nos sentir fracos, expostos ao julgamento alheio. Isso porque, colocando-nos na humilde posição de que não sabemos tudo, de que não temos todas as respostas, de que realmente precisamos das pessoas, passamos a ser mais fortes aos olhos dos outros, pois com isso estimulamos o sentimento de auto-estima nas pessoas, mostramos a elas o quanto são importantes, fazendo com que também a admiração pelo outro cresça e as relações se fortaleçam.
Portanto, entendemos que a solidão é a oportunidade que o executivo tem para aprender a se comunicar efetivamente, a saber compartilhar com outros Gestores, com executivos de outros negócios, com amigos, com toda a equipe, a respeito de visões de negócio, de modelos de gestão, de modelos de relacionamentos, enfim é a oportunidade de na solidão buscar informações que possam responder às perguntas, inseguranças e aos anseios de todos.
É a oportunidade que o executivo tem para repensar crenças limitantes, para olhar para si e questionar os próprios paradigmas. É a oportunidade de adquirir mais conteúdo, participando de encontros, de treinamentos direcionados, lendo, escrevendo sobre o que está aprendendo. São tantas as oportunidades que trarão fortalecimento e abrirão sua perspectiva para observar os problemas sob outro prisma, percebendo alternativas diferentes.
Essa busca intensa, porém gratificante, tem um efeito significativo: faz com que a solidão fique cada vez menos percebida, apesar de continuar ali, firme e forte em sua intransponível posição.
Atrevo-me a dizer que passamos até a gostar dela, pois passamos a vê-la como um incentivo, algo que nos impulsiona para a melhoria contínua. Talvez todas estas possibilidades nos dêem a resposta para a questão da solidão da liderança, a respeito de como podemos lidar com ela. Talvez não. Eu com certeza não tenho todas as respostas, mas tenho todas as perguntas. E você, as tem?
Lorena Lacerda
Coach de Executivos

Seus pontos podem desenvolver sua liderança
Use seus pontos de fidelidade para ter acesso aos Programas do Grupo Valure Se você acumula pontos nos programas de fidelidade da Syngenta, Bayer, Basf