Antes tudo pra mim era sobre esforço: acordar cedo, estudar muito, trabalhar arduamente, ser a melhor, ter ambição, nunca desistir, e por aí vai, tudo bem reforçado pelos clichês motivacionais amplamente disponíveis no modelo mental do ocidente.
Meu modelo de gestão era baseado em competição, comando e controle. Ou seja: eu criei uma empresa com uma cultura organizacional exatamente igual à imensa maioria das empresas. E qual foi o resultado disso? Minha empresa prosperou? Sim. Cresceu? Sim. Ganhei status, dinheiro, poder, relevância? Sim. Mas a que custo? E como eu me senti quando cheguei no topo?
Me senti vazia. Perdida. Solitária.
E essa vida me custou a saúde, pois desenvolvi doenças crônicas desde alergias, cistites de repetição, hipotireoidismo e, finalmente, câncer.
Me custou a paz, porque até nos sonhos eu vivia e revivia as ansiedades e preocupações do negócio.
Me custou perder momentos preciosos da infância de minhas filhas.
Me custou crises conjugais, pelo excesso de horas dedicadas aos afazeres do negócio e estudos.
Me custou diversos relacionamentos profissionais que poderiam ter sido muito harmoniosos e eu teria muitos mais amigos hoje.
Eu falo disso hoje aqui, abertamente, sem nenhuma intenção de reclamar! Eu amo quem eu sou e como é minha vida. Eu não mudaria nada nela, porque tudo que vivi foi importante e fez parte do meu processo de despertar.
Falo para alertar, falo para chamar a atenção ou julgar quem ainda deseja viver uma vida baseada na busca por conquistas materiais, sem olhar para a espiritualidade com mais atenção.
Falo porque eu decidi que quero contribuir para mudar o mundo. Não farei isso sendo líder de nenhum movimento, muito menos através da política!
Eu farei isso pessoa a pessoa, ajudando a todos que eu puder a serem seres mais gentis, amorosos, felizes, caridosos.
Farei isso compartilhando meus aprendizados e criando uma empresa cada vez mais próxima do que acredito que o mundo precisa.
Eu escolhi ser o exemplo de uma liderança com inteligência espiritual que comanda um negócio próspero e relevante para o mundo, tendo o amor como princípio de todas as decisões, agindo com compaixão, generosidade, buscando a paz e a abundância para todos.
Não tenho dúvidas do enorme desafio a que me propus. Sei que lidarei com crenças limitantes minhas e daqueles que acreditam que o mundo é uma selva e só os fortes sobrevivem… E eles acreditam que ser forte é ser exatamente como eu era antes. Mas hoje eu sei o que significa realmente ser forte E duradouro E feliz E pleno.
Eu sei que o ambiente atual de negócios é baseado em poder, numa competição surreal, muitas vezes num modelo de ganha x perde ou de lucro a qualquer preço.
Também sei que os paradigmas sobre os negócios não se restringem a quem se situa no topo da pirâmide… O mundo se mostra uma divisão entre “eles e nós”, empresários e empregados, com inúmeros exemplos de como a separação é a base de nossa sociedade atual e de nossa forma de viver a vida.
Mas também sei que já há várias organizações buscando este equilíbrio, trabalhando pra deixar seu legado para o mundo, demonstrando uma conexão intensa com o bem maior, cuidando das pessoas com atenção e respeito, gerando mudanças consistentes nas comunidades em que atuam.
Então eu confio que haverá espaço para este movimento acontecer e se expandir.
Eu acredito que há muito espaço para prosperar e crescer, cuidando dos resultados de forma consciente, justa e equilibrada com o cuidado para com as pessoas.
Eu acredito no equilíbrio. Acredito na importância da gestão, dos processos bem desenhados, nas finanças bem administradas, nas estratégicas bem traçadas e implementadas. Eu acredito nas práticas que as escolas de negócio ensinam. Mas essas práticas sozinhas não criam organizações com propósitos mais elevados, de transformar o mundo.
A consciência precisa vir do topo. Precisa vir dos acionistas para os executivos, destes para os gestores e, assim, para toda a equipe. Cada um deve compreender seu papel na grande teia que compõe a cultura organizacional. Todos devem entender que os princípios traçados só serão relevantes se forem a base de cada decisão tomada na empresa, de cada atitude de todos que fazem parte.
Dia a dia, com paciência e persistência, podemos construir um ambiente organizacional espiritualmente inteligente, em que valores elevados são vivenciados na pratica como os direcionadores de todas as decisões em todas as esferas do negócio.
Empresa por empresa, grão por grão, criando um mundo mais justo para todos, em que há mais harmonia e felicidade.
Essa foi a escolha que eu fiz, a única que fez sentido para mim.
E eu tenho certeza de que Deus está comigo nessa jornada.
Então, não há como não funcionar.
“You may say, I’m a dreamer. But I am not the only one. I hope someday, you join us! And the world will be just one.”
– John Lennon
Lorena Lacerda
CEO do Grupo Valure
Associada FDC em MT